Jovens profissionais que trabalham no setor financeiro em Lisboa tiveram a oportunidade de dialogar com Andrea Enria, presidente do Conselho de Supervisão do BCE, e Elisa Ferreira, vice-governadora do Banco de Portugal. Falaram sobre a supervisão bancária europeia, a ética nas finanças, a digitalização e outros temas.
O evento, organizado em parceria com o Banco de Portugal, proporcionou aos jovens profissionais uma excelente oportunidade para partilhar com altos decisores de políticas as suas ideias, experiências e os desafios que enfrentam, permitindo a todos aprender com os pontos de vista uns dos outros. Eis uma pequena amostra dos temas discutidos.
Sobre a diversidade de género
Envolver diferentes pontos de vista, ter pessoas capazes de questionar as decisões dos quadros de direção, no meu entender, é fundamental para uma boa governação.
– Andrea Enria
Sobre as bigtech
As grandes empresas de tecnologia (bigtech) dispõem de uma quantidade considerável de informação e de clientes cativos. Este é um domínio que me preocupa – pagamentos, operações cambiais e crédito ao consumo – e como isso pode afetar a banca.
– Andrea Enria
Sobre a necessidade do Sistema Europeu de Seguro de Depósitos
Até que exista a necessária vontade política de completar os elementos em falta da União Bancária, incluindo um sistema de seguro de depósitos comum plenamente operacional, temos de proceder a pequenos avanços técnicos, no sentido de mitigar os grandes riscos para a estabilidade decorrentes da atual arquitetura incompleta.
– Elisa Ferreira
Sobre o que a inteligência artificial pode fazer pela banca
A inteligência artificial também pode ser utilizada na esfera da supervisão. Poderíamos utilizá-la para identificar os alertas que ajudam os bancos a gerir os riscos.
– Andrea Enria
Temos de desenvolver uma inteligência artificial transparente e explicável, com vista a assegurar que os resultados são justos, transparentes e fiáveis para a sociedade em geral.
– Bernardo Caldas, participante (chefe do departamento de ciência de dados e inteligência artificial do Novo Banco)
Sobre os riscos relacionados com o clima
Os profissionais da banca precisam de olhar além de um horizonte de curto prazo na gestão dos riscos, a fim de fazer face às alterações climáticas. Não temos, até agora, questionado esta visão curta.
– Andrea Enria
Sobre os atuais desafios dos jovens profissionais da banca
A vossa geração foi particularmente afetada pela crise financeira e iniciar uma carreira em finanças na altura deve ter sido muito difícil. A alteração crucial necessária prende-se com a cultura, ou seja, a forma como os profissionais da banca encaram as suas responsabilidades, também em relação à sociedade em geral. Tal não pode ser alcançado com regras, tem de ser nutrido dentro do próprio setor.
– Andrea Enria
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Os atuais e os antigos estudantes da Frankfurt School of Finance and Management tiveram a oportunidade de falar com a direção da supervisão bancária europeia sobre o trabalho realizado para manter os bancos seguros e o setor bancário europeu sólido e estável, no interesse de todos nós.
Com os seus mandatos praticamente a terminar, Danièle Nouy e Sabine Lautenschläger – respetivamente, presidente e vice‑presidente do Conselho de Supervisão – recordaram os progressos alcançados desde o estabelecimento da supervisão bancária europeia em 2014 e partilharam as suas experiências sobre o que significa desenvolver uma atividade nunca antes realizada.
Eis uma pequena amostra dos temas discutidos.
Sobre a constituição da Supervisão Bancária do BCE
Éramos uma minúscula start-up numa potente incubadora. – Danièle Nouy
Tivemos a possibilidade de utilizar, por exemplo, os serviços de recursos humanos e de tecnologias de informação já existentes no BCE. – Sabine Lautenschläger
Sobre uma carreira na supervisão
Com uma formação sólida, facilmente se aprende o resto. Não é de todo uma carreira aborrecida – por vezes gostaria que fosse mais aborrecida! Há sempre trabalho a fazer. – Danièle Nouy
Sobre criptomoedas
Não se trata de moedas, são ativos digitais. – Sabine Lautenschläger
Funcionam de modo semelhante a um casino! – Danièle Nouy
Sobre a próxima crise
O nosso trabalho consiste em garantir que os bancos sejam resilientes, para que estejam preparados para a próxima crise, quando quer que ela surja. – Danièle Nouy
Sobre a burocracia
Para pôr em movimento 26 autoridades e uma equipa de 3 mil colaboradores e garantir a todos igualdade de tratamento, são necessários procedimentos. No caso, não é burocracia, é uma forma de assegurar a credibilidade. – Sabine Lautenschläger
Sobre o maior desafio até à data
As instituições de crédito europeias começaram com um montante de créditos não produtivos de 1 bilião de euros. Agora esse montante é de 650 mil milhões de euros, porque definimos os instrumentos adequados. – Danièle Nouy
Sobre as sextas-feiras
Gosto mais do meu trabalho à sexta-feira! Muitos de nós reunimo-nos regularmente nesse dia da semana e é sempre muito gratificante ver o empenhamento de todos, aprender com diferentes experiências e definir, em conjunto, o futuro da supervisão bancária europeia. – Sabine Lautenschläger
Sobre o programa de estágios
O BCE proporciona estágios em supervisão a estudantes de uma grande variedade de áreas de estudo. Estejam atentos à informação disponibilizada nosso sítio Web! – Danièle Nouy
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Fotografias
Danièle Nouy, presidente do Conselho de Supervisão, encontrou-se em Madrid com um grupo de jovens profissionais do setor financeiro. Estes jovens colocaram muitas questões, não só sobre a estabilidade financeira e bancária na Europa, como também sobre a ética nas finanças e a digitalização, assim como outras perguntas de caráter mais pessoal, designadamente o que a motiva a fazer o seu trabalho.
O evento, organizado em parceria com o Banco de España, constituiu uma excelente oportunidade para os jovens profissionais partilharem as suas ideias e experiências com uma decisora de políticas experiente e aprenderem uns com os outros.
Eis uma pequena amostra dos temas discutidos.
Sobre ética
A reputação dos bancos sofreu com a crise. Como podemos reconquistar a confiança das pessoas?
A ética é crucial. Os bancos precisam de ter uma perspetiva a mais longo prazo e de agir eticamente. Vocês podem ajudar a tornar a banca mais segura e melhor.
Sobre digitalização
Estamos a trabalhar arduamente para nos adaptarmos à nova conjuntura. As autoridades de regulamentação estão a fazer o mesmo?
Sim, estamos a trabalhar tanto como vocês para nos adaptarmos. Trabalho na supervisão há 40 anos, mas todos os dias aprendo algo de novo. É por isso que gosto do meu trabalho. É um trabalho intelectualmente muito estimulante.
Sobre as fintech
Na minha perspetiva, uma das maiores ameaças para a banca europeia é a entrada de novos participantes. Qual é a sua opinião sobre as fintech?
Penso que a inovação é crucial. Haverá sempre clientes que pagarão por serviços de banca tradicional, enquanto outros, como a minha neta, utilizam o telemóvel para tudo. Há lugar para todos os tipos de banco. As fintech que ofereçam serviços bancários serão supervisionadas como bancos.
Sobre fusões
Acha que deveria haver mais fusões e aquisições na Europa?
É necessário que haja menos bancos, mas o problema pode ser resolvido de várias formas. Os bancos podem ser objeto de liquidação ou de fusão. Porém, as fusões têm de ser estratégicas e resultar em bancos sustentáveis. Dois patos não geram um cisne – especialmente dois patos doentes!
Observações de Danièle Nouy sobre o encontro com os jovens profissionais
Apreciei muito o encontro com estes jovens – colocaram questões muito boas sobre vários temas. Não foram tímidos!
Observações dos jovens profissionais sobre o encontro com Danièle Nouy
Ela foi muito clara e, para mim, a experiência foi extremamente enriquecedora e positiva. Foi um encontro descontraído e natural. Senti-me muito à vontade. – Marcela Nario
Penso que foi uma forma fantástica de trocar impressões com jovens que trabalham na banca. – Federico Power Esteban
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